Além de preocupante, a realidade da capital
potiguar aponta que o número de obesos na população é de 19,6%, número maior do
que a média nacional que é de 18,9%, segundo o Ministério da Saúde
Difícil associar a imagem do Brasil que passa fome
e, ao mesmo tempo, apresenta dados tão alarmantes quando se fala em sobrepeso e
obesidade. De acordo com o Ministério da Saúde, com base em dados divulgados
esta semana pela VIGITEL – Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, o brasileiro está mais
obeso. Em 10 anos, a prevalência da obesidade no Brasil passou de 11,8% em 2006
para 18,9% em 2016, atingindo quase uma em cada cinco pessoas. Em Natal, 56,6%
da população está acima do peso e a obesidade atinge 19,6% dos 877 mil
habitantes.
Doenças crônicas
Ao contrário do que muitos podem imaginar o que
está em questão não é a aparência física. A cardiologista Sílvia Souza, da rede
Hapvida, alerta que o crescimento da obesidade é um dos fatores que podem ter
colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão, doenças
crônicas não transmissíveis, que pioram a condição de vida do brasileiro e
podem até matar.
Segundo a pesquisa, o diagnóstico médico de
diabetes passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016. Em Natal, 10,1% da população
enfrenta a doença. A menor prevalência é
na cidade de Boa Vista (RR), com 5,3% da população com diabetes; o pior cenário
é do Rio de Janeiro onde a população foi diagnosticada com 10,4% com diabetes.
O levantamento do Ministério da Saúde mostra que o
número de casos de hipertensão arterial saiu de 22,5% em 2006 para 25,7% em
2016. A capital do Rio Grande do Norte apresentou alto índice na pesquisa, com 26,9%
de prevalência da hipertensão. Os três melhores resultados são os de Palmas (TO)
com (16,9%), Macapá (AP) (17,6%) e Boa
Vista (RR) (17,9%). O pior cenário é, novamente, visto na capital fluminense: o
Rio de Janeiro tem 31,7% de hipertensos na população.
A pesquisa nacional identificou algo que já se vê
nas ruas também: a obesidade aumenta com o avanço da idade. Mas mesmo entre os
mais jovens, de 25 a 44 anos, atinge indicador alto: 17%. Excesso de peso
também cresceu entre a população. O percentual de quem possui Índice de Massa
Corporal (IMC) entre 25 kg/m² e 30 kg/m², passou de 42,6% em 2006 para 53,8% em
2016. Já é presente em mais da metade dos adultos que residem em capitais do
país.
Alimentação
As doenças crônicas associadas ao sobrepeso têm relação
direta com o tipo de alimento que os habitantes das capitais têm consumido.
“Alimentos considerados ultraprocessados, industrializados, têm sido muito mais
consumidos do que antes, e isso aumenta a incidência de sobrepeso e
hipertensão, uma vez que um dos principais ingredientes nessas composições é o
sódio”, lembra a cardiologista do Hapvida.
A pesquisa revela exatamente uma diminuição na
ingestão de ingredientes considerados básicos e tradicionais na mesa do
brasileiro. O consumo regular de feijão diminuiu 67,5% em 2012 para 61,3% em
2016. E apenas 1 entre 3 adultos consomem frutas e hortaliças em cinco dias da
semana. Esse quadro mostra a transição alimentar no Brasil, que antes era a
desnutrição e agora está entre os países que apresentam altas prevalências de
obesidade.
Saúde
Apesar de tantos cenários preocupantes, entre as
mudanças positivas nos hábitos identificados na pesquisa, está a redução do
consumo regular de refrigerante ou suco artificial. Em 2007, o indicador era de
30,9% e, em 2016, foi 16,5%.
Além disso, a população com mais de 18 anos tem praticado mais atividade
física no tempo livre. Em 2009, 30,3% da população fazia exercícios por pelo
menos 150 minutos por semana, já em 2016 a prevalência foi de 37,6%. Nas faixas
etárias pesquisadas, os jovens de 18 a 24 anos são os que mais praticam
atividades físicas no tempo livre. Esse já é um passo importante, defende a
cardiologista: “É essencial que se faça atividade física regularmente, pelo
menos 30 minutos por dia de caminhada, pois o sedentarismo aumenta as chances
de doenças cardiovasculares”, recomenda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário